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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Elogio da auto depreciação

Parece estranho alguém depreciar-se. Em privado, todos temos essa experiência. Em público, é menos comum alguém realizá-la. Eu não sou diferente dos demais, mas às vezes desvalorizo-me embora sob a máscara de uma certa superioridade desdenhosa de quem não precisa de elogios, nem dos próprios nem dos alheios. Não aqui. O que pretendo neste microensaio é apenas esclarecer os motivos que me levam a fazê-lo em público, sem uma ordem hierárquica de importância. O principal e óbvio, que não é um verdadeiro motivo mas mais uma constatação, é que me deprecio para dar razão aos que me depreciam. Como sei que me depreciam? É simples, vendo como não me ligam absolutamente nada quando estou com eles. Se é assim, então porque me dou ao trabalho de lhes dar razão? Em primeiro lugar, o que me leva a fazê-lo, com determinação no tom e ênfase no conteúdo, é não os deixar ter o prazer de me contrariarem e, ainda por cima, de me provarem, ironicamente e com facilidade excessiva, que eu po

Antecipando a compra

Comprar é desistir de fruir. Antes de comprar, vou desfrutando das imensas possibilidades de fruição que um objeto não existente permite imaginar. Uma vez comprado, há algo que se esgota, que se apaga. Entre mãos, ficamos com um objeto tão concreto que já pouco tem a prometer. Pior, com o tempo, infelizmente breve tempo, ele acaba por se ocultar na poeira caprichosa do esquecimento.